Pierre Drieu la Rochelle

O Fogo-Fátuo imagina Jacques Rigaut nos seus últimos dias de vida, através de sete encontros com pessoas das suas relações que lhe fazem sentir, de diferentes formas, uma eficiente cumplicidade com o mundo, nenhuma com lugar possível entre as dúvidas e as certezas do seu percurso de homem belo mas pouco hábil no amor, de escritor falhado, de um não resistente às seduções da heroína, de um ser ferido pela incapacidade de amar e se fazer amar.
O Alain de La Rochelle atravessa as suas páginas em luta contra alguns demónios; os de uma medíocre eficiência sexual, cada vez menos desculpada perante o decréscimo dos seus atributos físicos, o do medo de um envelhecimento que lhe recuse a protecção de mulheres ricas, única forma que conhece de suportar o mundo e a vida. E por causa de tudo isto ouve-se, desde a primeira página, o estampido de um tiro final.
Será inútil querer encontrar um qualquer conteúdo político em O Fogo-Fátuo. O seu Rigaut, aqui chamado Alain, brilha e apaga-se como a chama dos pântanos na noite de Paris povoada por seres que ele não consegue prender nem chamar à sua necessidade de afecto. A sua maior contradição — de um pequeno-burguês com supremas exigências de elegância, e do dinheiro que essa elegância necessita para se fazer mostrar numa sociedade que ele, por outro lado, despreza — fá-lo arrastar-se por uma solidão armada com espinhos interiores. Ela não lhe consente encontrar razões para viver, e apenas lhe denuncia a mentira daqueles que o rodeiam. Alain sente como única solução o suicídio, recurso dos homens com a mola roída pela ferrugem, a ferrugem do quotidiano. Eles nasceram para actuar mas retardaram a acção, e a acção volta por ricochete a atingi-los. O suicídio é um acto, o acto dos que não conseguiram levar outros até ao fim.
[Aníbal Fernandes]

O Fogo-Fátuo

Richard Howard

Will Self

Pierre Drieu La Rochelle might be said to be both the Hemingway and the Fitzgerald of twentieth-century French literature, a battle-scarred veteran of the First World War whose work chronicles the trials and tribulations of a lost generation, a man about town, a heartbreaker with a broken heart, a literary stylist whose work is as tough as it is lyrical and polished. Politically compromised as Drieu came to be by his affiliation with the fascist right and collaboration under Nazi occupation—Drieu committed suicide at the end of the war—his novels remain vivid reflections of a broken spiritual and political world of the interwar years and as works of art, and to this day they are widely read and greatly admired in France.

The Fire Within, which has been successfully adapted to the screen by Louis Malle and more recently Joachim Trier, is the lacerating tale of Alain Leroy, a war veteran and beautiful young man of whom the world is expected but who has taken refuge from the world in drugs. After being institutionalized, Alain emerges to try to put his life together again, but in spite of the attentions of friends and lovers, he struggles to find his way.

The Fire Within

Hayalet Işık

Ce roman est le dernier de Drieu la Rochelle. Il l'écrivit de 1943 à 1944. À propos d'une intrigue assez simple, qui pourrait être celle d'un roman d'aventures – la lutte, autour d'un dépôt d'armes caché dans une demeure mystérieuse, de petits groupes de Français activistes (gaullistes, collaborateurs, communistes, nationalistes) –, Drieu a imaginé un roman qui transcende de très haut les drames de ces années. Constant, dernière incarnation des héros de Drieu – un Gilles vieilli –, qui a tout connu, tout éprouvé, tout lu, bien qu'encore profondément attaché à un jeu politique dont il occupe le centre, regarde d'un œil de plus en plus absent les fureurs et les intrigues de ces hommes de proie. Pour lui qui, depuis des années, médite sur Judas et la signification de son prodigieux destin, le temps de Dieu et le temps de la mort sont venus.

Pierre Drieu la Rochelle

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