Carla Madeira

Tudo é Rio

"Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar."

comecei esse livro pensando que seria life-changing e que transformaria completamente minhas interpretações sobre as questões abordadas nele, porque pra mim, toda essa aclamação deveria significar alguma coisa. acho que é interessante ver conclusões diferentes, mas eu percebi que, após ler, a grande maioria das reviews são positivas e sempre ovacionam os mesmo aspectos. as frases são bonitas e ele retrata a realidade, mas pra mim não funcionou, em nenhum momento.

um livro repleto de frases de efeito e que por acaso retrata uma realidade muito comum não deveria ser feito de forma tão porca e pretensiosa. se alguem ler isso pode até pensar que eu não estou preparada para aceitar e encarar a realidade das coisas mas eu acho que é o contrário, esse livro inclusive foi mais leve do que eu esperava e isso quebrou minhas expectativas.

o que me irritou é a diferença com que ela trata as questões da lucy e as do venancia. nem da pra contar nos dedos quantas vezes ela se refere a lucy como puta e utiliza adjetivos perjorativos enquanto que com o venancio a narrativa era sempre melancolica, triste e depreciativa e querendo ou não, isso gera bem mais empatia que uma mulher subjulgada, liberta sexualmente e que se impõe — mesmo que seja de forma detestável. lucy é a puta, transgressora e selvagem. venancia é um homem triste, que se odeia, que teve atitudes monstruosa e, PARA A SURPRESA DE TODOS, teve uma criação terrível e por isso se tornou o que é.

é extremamente desconfortável ver a autora justificando, mesmo que inconscientemente, as atitudes de um homem tão vil. até quando ele dorme com a lucy pela primeira vez ela sempre faz questão de lembrar que ele ama a dalva. enquanto a lucy é desregrada de nascença, não são apresentados motivos para ela ser assim que gere empatia ou interesse no leitor. isso por si só não é um problema para mim, eu adoro personagens humanos e duvidosos. acho de mal gosto ela ser essa personagem enquanto o venancia recebe uma maior profundidade em sua construção narrativa.

por muitas vezes eu senti também que ela quis poetizar demais certas cenas, falam sempre que esse livro é muito cru e forte mas eu achei que a autora tentou tornar acontecimentos terriveis em coisas muito poéticas mas que ainda fossem palatáveis para o leitor e essa quebra de expectativa me frustrou. eu esperava ver algo realmente cru e que me deixasse enjoada só de ler, mas foi extremamente decepcionante.

quem me conhece sabe o quanto eu achei esse final ridiculo e preguiçoso. eu não queria um final feliz, de forma alguma! mas eu esperava algo que fosse fiel a realidade assustadora que muitos de nós presenciamos. acho que a escolha de trazer o filho de volta a cena foi tão desnecessária e pra mim de uma porquice e pouco compromisso com o rumo que a história estava tomando.

sei que realmente pode ter sido um livro transformador pra muitos e eu não tiro os méritos do livro — que eu não faço ideia de quais são mas se ele tem tantos fãs alguma coisa deve ter —, mas para mim ele não funcionou em nenhum aspecto e está tudo bem talvez não seja o meu estilo de história ou de escrita.

pensando melhor, ele tem sim dois méritos que eu acho interessante falar. primeiramente, a escrita da carla madeira é muito fluída e de simples entendimento, ela não utiliza de um vocabulário inacessível para fazer a sua poética. por fim, o livro é sucinto. ele não se prolonga em narrativas inuteis e foca de forma certeira no que a autora se propôs a abordar, mesmo que eu não goste da maneira que foi abordada.

"Como aquele amor virou dor? Ninguém sabia explicar, mas respeitavam a tristeza dessa alquimia, o destino não aceita zombarias. Dalva passava, e as putas sonhavam."

yas 

"Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar."

comecei esse livro pensando que seria life-changing e que transformaria completamente minhas interpretações sobre as questões abordadas nele, porque pra mim, toda essa aclamação deveria significar alguma coisa. acho que é interessante ver conclusões diferentes, mas eu percebi que, após ler, a grande maioria das reviews são positivas e sempre ovacionam os mesmo aspectos. as frases são bonitas e ele retrata a realidade, mas pra mim não funcionou, em nenhum momento.

um livro repleto de frases de efeito e que por acaso retrata uma realidade muito comum não deveria ser feito de forma tão porca e pretensiosa. se alguem ler isso pode até pensar que eu não estou preparada para aceitar e encarar a realidade das coisas mas eu acho que é o contrário, esse livro inclusive foi mais leve do que eu esperava e isso quebrou minhas expectativas.

o que me irritou é a diferença com que ela trata as questões da lucy e as do venancia. nem da pra contar nos dedos quantas vezes ela se refere a lucy como puta e utiliza adjetivos perjorativos enquanto que com o venancio a narrativa era sempre melancolica, triste e depreciativa e querendo ou não, isso gera bem mais empatia que uma mulher subjulgada, liberta sexualmente e que se impõe — mesmo que seja de forma detestável. lucy é a puta, transgressora e selvagem. venancia é um homem triste, que se odeia, que teve atitudes monstruosa e, PARA A SURPRESA DE TODOS, teve uma criação terrível e por isso se tornou o que é.

é extremamente desconfortável ver a autora justificando, mesmo que inconscientemente, as atitudes de um homem tão vil. até quando ele dorme com a lucy pela primeira vez ela sempre faz questão de lembrar que ele ama a dalva. enquanto a lucy é desregrada de nascença, não são apresentados motivos para ela ser assim que gere empatia ou interesse no leitor. isso por si só não é um problema para mim, eu adoro personagens humanos e duvidosos. acho de mal gosto ela ser essa personagem enquanto o venancia recebe uma maior profundidade em sua construção narrativa.

por muitas vezes eu senti também que ela quis poetizar demais certas cenas, falam sempre que esse livro é muito cru e forte mas eu achei que a autora tentou tornar acontecimentos terriveis em coisas muito poéticas mas que ainda fossem palatáveis para o leitor e essa quebra de expectativa me frustrou. eu esperava ver algo realmente cru e que me deixasse enjoada só de ler, mas foi extremamente decepcionante.

quem me conhece sabe o quanto eu achei esse final ridiculo e preguiçoso. eu não queria um final feliz, de forma alguma! mas eu esperava algo que fosse fiel a realidade assustadora que muitos de nós presenciamos. acho que a escolha de trazer o filho de volta a cena foi tão desnecessária e pra mim de uma porquice e pouco compromisso com o rumo que a história estava tomando.

sei que realmente pode ter sido um livro transformador pra muitos e eu não tiro os méritos do livro — que eu não faço ideia de quais são mas se ele tem tantos fãs alguma coisa deve ter —, mas para mim ele não funcionou em nenhum aspecto e está tudo bem talvez não seja o meu estilo de história ou de escrita.

pensando melhor, ele tem sim dois méritos que eu acho interessante falar. primeiramente, a escrita da carla madeira é muito fluída e de simples entendimento, ela não utiliza de um vocabulário inacessível para fazer a sua poética. por fim, o livro é sucinto. ele não se prolonga em narrativas inuteis e foca de forma certeira no que a autora se propôs a abordar, mesmo que eu não goste da maneira que foi abordada.

"Como aquele amor virou dor? Ninguém sabia explicar, mas respeitavam a tristeza dessa alquimia, o destino não aceita zombarias. Dalva passava, e as putas sonhavam."

Ana Luiza

tenho que reler esse aqui antes de dar minha opinião.
li num momento muito conturbado, demorei horrores e a história perdeu importância pra mim. sinto que vou gostar muito mais quando ler novamente <3

camilla

é um livro sobre varias violências e sobre o que vem depois delas também. escrita poética, viciante e crua. o final não foi o que eu queria e esperava, pois acho que o perdão da personagem não precisaria vir junto com a aceitação depois de tudo que ela passou. mas, não tenho como negar que autora trouxe um desfecho realista do em acontece 80%? nos casos de violência doméstica. e assim como o restante do livro e dos outros protagonistas, tudo foi dolorosamente realista. sei lá. que porrada

Stephanie Noelle

palavras se tornam supérfluas pras sensações que esse livro causa. arrebatamento, alagamento, a coisa mais linda do mundo.

Tudo é Rio

Reviews