Os arquivos imperfeitos
memória social e cultura eletrônica
Os arquivos imperfeitos memória social e cultura eletrônica
Sociedade complexa, sociedade de imagem, sociedade eletrônica, a nossa parece também - e cada vez mais - uma sociedade da memória. Não apenas os grandes arquivos têm o seu arranjo e o seu 'espírito' modificados pela tecnologia informática; no comportamento coletivo, presenciamos o nascimento de uma verdadeira 'paixão arquivística', que promove a coleção de signos do passado recente ou remoto, a criação de pequenos arquivos pessoais, o registro através da fotografia, do cinema ou de equipamento eletrônico televisivo, daquela parte do mundo que mais tememos perder. Trata-se de uma nova paixão? Não parece. Fausto Colombo, em 'Os Arquivos Imperfeitos', procura mostrar que a utopia arquivística tem uma história, oculta nos refolhos da cultura ocidental; e que encobre uma idéia bem precisa do homem e seu destino no mundo. E nos conta, ainda, como a esperança de salvar a realidade através dos signos mnemônicos revela-se tal qual é - uma fascinante porém desnorteante ilusão, que envolve a própria memória do homem, o significado das imagens que ele produz, sua vivência temporal, enfim, o terror que sente do esquecimento e a sua própria identidade.