Charneca Em Flor
CHARNECA EM FLOR Enche o meu peito, num encanto mago, O frêmito das coisas dolorosas... Sob as urzes queimadas nascem rosas... Nos meus olhos as lágrimas apago... Anseio! Asas abertas! O que trago Em mim? Eu oiço bocas silenciosas Murmurar-me as palavras misteriosas Que perturbam meu ser como um afago! E nesta febre ansiosa que me invade, Dispo a minha mortalha, o meu burel, E, já não sou, Amor, Sóror Saudade Olhos a arder em êxtases de amor, Boca a saber a sol, a fruto, a mel: Sou a charneca rude a abrir em flor!
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Raquel Alves @ccarlota