José Luís Peixoto

Galveias

Nelson Zagalo

"Galveias" segue um modelo de narrativa que não me atrai particularmente, a caracterização de um espaço/tempo a partir de um conjunto extenso de personagens que o habita, cedendo-se sempre mais tempo à descrição do espaço/tempo do que às personagens. Uma das grandes razões porque leio literatura são as personagens, o que as move, o que têm dentro de si, quando quero saber mais sobre o espaço/tempo leio não-ficção, que possui outro tipo de ferramentas para o efeito. Com isto não quero dizer que “Galveias” é uma obra menor, não o é porque apresenta um escritor já imensamente maduro, capaz de avaliar cada linha que escreve, escolher o que diz e o que não diz. Aliás, talvez por ter amadurecido, e ser muito mais racional do que era no início, arrisque menos na experimentação linguística, e daí que as metáforas aqui exploradas sejam um tanto mais contidas, belas, mas contidas, racionalizadas. Ou seja, a forma da escrita é perfeita, mas por vezes ser perfeito é menos.

"Galveias", é o nome da terra de JLP, é o nome de uma aldeia no distrito de Portalegre, Alentejo, que nos aparece aqui caracterizada em pleno auge dos anos 1980. Se querem saber o que mais me espantou, foram as semelhanças com a aldeia em que vivi, 6 anos apenas mas exactamente nesse período. Uma aldeia situada no distrito de Coimbra, Beira Litoral, o que a julgar pelo discurso estereotipado sobre o Litoral/Interior apontaria para as antípodas de Galveias. Mas a cada página que lia, a cada novo lugar, novo evento, novo personagem introduzido parecia estar a reviver esses meus 6 anos. A escola, a igreja, o cemitério, a fonte, a padaria (só faltava a boîte), a professora de fora, o padre, os ricos e os pobres, o maluquinho, o mecânico, os malucos das “motas”, os cães, os casamentos, os acidentes, os desistentes da escola, enfim o cardápio completo. Surpreendeu-me tanto que me confirmou aquilo que já sabemos, mas que vale sempre a pena reconfirmar, que o nosso país apresenta uma identidade extremamente forte e coesa, de norte a sul, do interior ao litoral. Nesse sentido o livro poderia bem chamar-se, “A Aldeia Portuguesa nos anos 1980”.

É verdade que lendo tudo o que JPL ali nos relata, o que ressalta primeiro à vista, é um “Feios, Porcos e Maus”. Muita pobreza, não apenas de recursos materiais mas também de massa cinzenta. Que mais se poderia esperar depois de uma ditadura, que agora todos qualificam de suave, mas que tudo fez para embrutecer os seus cidadãos ao longo de várias décadas? Nos anos 1980 Portugal começava a estrebuchar, a dar os primeiros sinais de querer rasgar o espartilho educativo aplicado por Salazar. O país começava a perceber que sem escola não haveria futuro, além do imediato. Aliás cheguei a sentir-me um tanto incomodado com a descrição de JPL por ele apenas se ter concentrado sobre o básico das necessidades humanas - o sexo e a comida (o pão que era cozido na boîte). Vamos construindo a ideia de que naquele universo, da aldeia portuguesa dos anos 1980, nada mais existia, como se a ambição fosse proibida, como se existisse ali uma linha invisível que vedava a passagem. Penso que as pessoas dentro de si, ainda assim sentiam mais, queriam mais, existia alguma ambição, aliás se assim não fosse não teríamos assistido ao êxodo de milhões de portugueses, emigrando para o mundo. 

Apesar deste meu lamento, a verdade é que seguir o caminho da descrição geral do que era a aldeia portuguesa naquele tempo, deixou JPL com muito pouca margem para trabalhar camadas mais subjectivas, menos à flor da pele e menos universais. A sua descrição não deixa de ser extremamente fidedigna, não branqueia nem embeleza, embora o seu traço por vezes cómico evite o peso da melancolia. Galveias ou a Aldeia Portuguesa dos anos 1980, é uma obra que ficará como o registo de um tempo que já passou, mas ao qual poderemos sempre agora voltar, pela mão de JPL.

Inês Alegria Ferreira

This book unfortunately was not on the same level as my expectations. Since I had loved two other books from this author I was definitely something something that I would love. The thing is this was the first novel I read from José Luís Peixoto. The other two books were nonfiction, where he talk about the trips he made to Tailand and North Korea.

I really wanted to read a novel because he didnt had any more travel nonfiction ones, plus this specific novel had won the José Saramago Prize.

This book in the end just lefted me super confused. There were so many characters! And since I'm terrible with names well... let's just say I was a couple of chapters in when I was became completely lost on what was happening to who.

The story is about this village in Portugal, called Galveias (the village where the author was born). We get to know a lot of these little different stories from the people who live there, and we also get a pick at all their relationship. Usually I love books about small towns but I just though this didn't led to anything. It all just seemed a lot of disperced storys that never really ended up making much sense.

Galveias

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