J. M. Coetzee

A Vida E O Tempo de Michael K

Nelson Zagalo

Quinto livro de Coetzee e de novo sinto que vi o mundo por meio de um olhar muito particular, capaz de generalizar situações, torná-las universais, por meio de eventos concretos e imediatos que acontecem aos personagens que coloca em cena. Existe uma melancolia que tudo atravessa, existe um sentimento de desamparo, que encenado como realidade parece poder brotar do sentir interior de qualquer um de nós. Claro que sentimos a geografia de Coetzee por detrás do relato, inevitável, mas sentimos mais do que isso, isto não é apenas sobre o Apartheid, é muito mais do que isso.

O personagem não é dono de todas as suas faculdade cognitivas, mas quem o é? E no entanto consegue demonstrar em cada momento a sua vontade de prosseguir, de seguir o objetivo estabelecido, desligando-se, apartando-se da realidade que se lhe impõe continuamente. Os outros, todos os outros se impõem, porque parece existir uma ordem que regula tudo e todos, e todos devem obedecer-lhe em cada momento. A ordem que muda no tempo e segue quem a define, independentemente de sobre quem ordena, regulando as suas vidas.

"A Vida e o Tempo de Michael K" é uma parábola curta, mas incisiva e gratificante, permite-nos olhar o mundo e questioná-lo.

A Vida E O Tempo de Michael K

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