Antropoceno ou Capitaloceno? Natureza, história e a crise do capitalismo
Antropoceno ou Capitaloceno? Muito mais que um dilema terminológico, a pergunta encerra perspectivas radicalmente opostas sobre a crise ecológica. Em sete ensaios, este livro demonstra que a ideia de Antropoceno — preferida do catastrofismo anódino dos meios de comunicação e da comunidade científica — não está isenta de politização. Ao considerar indistintamente a humanidade como responsável pelos impactos geológicos causados pelas atividades econômicas, os proponentes do Antropoceno pecam por uma enorme falta de consistência histórica. Daí a proposta de nomear a nossa Era como Capitaloceno. Mas esse é apenas um dos termos possíveis. Ao contrário do que sugere a pergunta-título, não se trata de escolher entre um e outro conceito, apenas. Mais que analisar medições estratigráficas nas rochas, os ensaios aqui reunidos estão interessados em cavoucar as ideias-força que ocasionaram tamanho impacto sobre o planeta. A relevância de Antropoceno ou Capitaloceno? Natureza, história e a crise do capitalismo está na pluralidade com que os autores encaram a tragédia. Por isso, os capítulos deste volume não são fáceis de resumir, mas há algo em comum entre eles: "Todos os ensaios sugerem que o argumento do Antropoceno [...] é incapaz de explicar como essas mudanças alarmantes ocorreram. Questões acerca do capitalismo, de poder e classe, antropocentrismo, enquadramentos dualistas de 'natureza' e 'sociedade' e o papel dos Estados e impérios — tudo isso costuma ser limitado pela perspectiva dominante do Antropoceno". Outra característica fundamental deste conjunto de artigos são seus argumentos "a favor de reconstruções que apontem uma nova maneira de pensar a humanidade-na-natureza e a natureza-na-humanidade".