O Senhor de Bougrelon
Sobre "O Senhor de Bougrelon" André Breton escreveu: «A esta obra admirável não vejo nada equivalente na nossa literatura. Um destes deuses da poesia que nós, em suma, recentemente descobrimos.» A sua admiração é compreensível; porque Breton considerava a «estética decadente», com a sua «sensualidade mística e loucamente perturbadora», elemento essencial da poética surrealista. Mas O Senhor de Bougrelon também é, vendo-o menos complicado pelas suas alucinações, um transformador das realidades pungentes em nobreza, um esteta perverso e atormentado, um ser de hesitações entre a fealdade humana e o esplendor da arte; e tem um fogo interior que ele sopra para recusar o real. «A mais nobre insolência de Jean Lorrain», disse-o em 1887 Philippe Julien. Chamou-se Paul Duval em 1855, quando nasceu, e preferiu-se na literatura como Jean Lorrain. Em 1884 Jean Lorrain já era, na capital, um jornalista; um odiado jornalista, ora intelectual, ora mundano, de flechas envenenadas. A 30 de Junho de 1906 morreu; em Paris, inesperadamente, e com o cólon perfurado.