Lar em chamas
Isma é a irmã mais velha. Aos 19 anos, com a morte da mãe, passou a olhar pelos irmãos menores, os gêmeos Aneeka e Parvaiz, muito ligados entre si. Ingleses muçulmanos de ascendência paquistanesa, eles moram na periferia de Londres. As irmãs usam hijab, um tecido ao redor da cabeça que cobre as orelhas, pescoço e o cabelo. Aos 28 anos, Isma decide pela realização de seu projeto pessoal e se muda para cursar doutorado nos Estados Unidos. A bela e irriquieta Aneeka, então com 19 anos, estuda direito com bolsa de estudos na prestigiosa LSE. Parvaiz, que trabalha como ajudante em uma quitanda e com um gravador sai a recolher os sons do mundo, é recrutado pelo Estado Islâmico. Sai em busca do legado daquele pai ausente que não conheceu, um jihadista que morreu enquanto era transporta do a Guantanamo, prisão norte-americana na ilha de Cuba. Nos Estados Unidos, Isma trava amizade com Eamonn, filho do deputado do parlamento britânico Karamat Lone, que se torna Ministro do Interior. Karamat vive o conflito interno entre sua origem e sua ocidentalização e britanismo autoimposto, que considera seu legado. De volta à Londres, Eamonn leva uma encomenda para a família de Isma e conhece Aneeka, por quem fica completamente encantado. Nacionalismo e cidadania são um privilégio, não um direito de nascença, nesta história em que se acompanha não apenas a devastação de duas famílias, mas também tocantes histórias de amor incondicional e sacrifícios. Entre irmãos, entre pai e filho, entre amantes. Ao adaptar a tragédia Antígona, de Sófocles, para Inglaterra contemporânea, Kamila Shamsie construiu um romance pujante e arrebatador, vencedor do Prêmio Womens Prize for Fiction 2018.