Uma temporada de facões
relatos do genocídio em Ruanda
Uma temporada de facões relatos do genocídio em Ruanda
Durante a primavera de 1994, 800 mil tútsis foram mortos a golpes de facão, em Ruanda. Numa rotina que durou quase cem dias, os hútus saíam de casa cantando e vasculhavam os pântanos em busca dos próprios vizinhos. Decepavam até o final do expediente. À noite, bebiam cerveja, trocavam mexericos, contavam piadas e afiavam as ferramentas nas pedras-pomes. Dez anos depois, o jornalista Jean Hatzfeld instalou-se em Ruanda para entender o genocídio. Em 'Dans le nu de la vie', registrou o testemunho das vítimas sobreviventes. Agora, em 'Uma temporada de facões', ouve os matadores. Com enorme franqueza e, muitas vezes, até com candura, dez dos assassinos falam sobre a organização e a execução da matança, a banalidade, o ódio, o arrependimento e o perdão. Discursam sobre o horror e o indizível. Nas conversas, uma angustiante constatação - são pessoas comuns, sem traços de ferocidade. Pais de família, jogadores de futebol, professores e lavradores que deceparam amigos íntimos sem constrangimento e, no final, fariam tudo novamente.
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Herberto Figueiredo@beto