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Este livro analisa a crise financeira e orçamental do capitalismo democrático dos dias de hoje à luz das teorias da crise da Escola de Frankfurt de finais dos anos 60 e inícios de 70. As teorias em que o autor se baseia constituíram tentativas de compreender as mudanças radicais que se iniciavam «então na economia política do pós-guerra como momentos do processo histórico de evolução da sociedade no seu todo, sendo que recorriam, de forma mais ou menos eclética, à tradição teórica marxista». «(...) Os ensaios teóricos daqueles anos em Frankfurt revelam a inevitabilidade da associação dos conhecimentos das ciências sociais a determinado período. Apesar disso, ou precisamente por isso, é que, ao debruçarmo-nos sobre os acontecimentos atuais, é aconselhável partir das teorias da crise do "capitalismo tardio" dos anos 70». As análises da crise financeira e orçamental do capitalismo atual que Wolfgang Streeck propõe tratam esta crise numa perspetiva de continuidade e como um momento da evolução geral da sociedade com início no final dos anos 60 e que descreve, a partir da perspetiva atual, como o processo de dissolução do regime do capitalismo democrático do pós- guerra. Na tradição da economia política, «a economia da sociedade acabou por ser entendida como um sistema de ação social, portanto, não só como um sistema puramente técnico ou regido pelas leis da Natureza, constituído por interações de poder entre partes com interesses e recursos diversos».