O mundo em que vivi
Numa escrita inexcedivelmente sobria e transparente, e através de breves episodios, este romance conduz-nos em crescendo de emoçao desde a primeira infancia rural de uma judia na Alemanha, pelos finais da Primeira Guerra Mundial, até ao avolumar de crises (inflaçao, desemprego, assassinio de Rathenau, aumento de influencia e vitoria dos Nazistas) que por fim a obrigam ao exflio mesmo na iminência de um destino tràgico num campo de concentraçao. Hà uma felicissima imagem simbolica de tudo, que é a do lento avançar de uma trovoada que acaba por estar "mesmo em cima de nos". Assistimos aos rituais judaicos publicos e domésticos, a uma clara atracçao alternativa entre a emigraçao para os E.U. e o sionismo. Fica-se simultaneamente surpreendido pela correspondência e pelas diferenças entre o adolescer e o viver adulto em meios culturais muito diversos, pois hà relances de vida religiosa luterana, catôlica e de agnosticismo à margem da experiencia judaica ortodoxa. Perpassam figuras familiares de recorte nftido: os avas da aldeia, o pai, negociante de cavalos, desfeiteado por anti-semistas e falecido de cancro, os tios progressistas Franz e Maria, o avo Markus, a amoràvel avozinha Ester (kleine Orna), Paul (o jovem quase namorado que se deixa intimidar pelo ambiente), Kurt (o jovem enamorado assolapado, culto e firme nas suas convicçoes). A acçao é desfiada numa sucessâo de fases biogràficas progressivamente dramàticas — e nos acabamos por participar afectivamente de um destino ao mesmo tempo muito singular e muito tipico, que bem nos poderia ter cabido. Um romance de caracterfsticas Gnicas na literatura portuguesa — e emocionantemente certeiro.
Reviews
Teresa Bonifácio@teresabonifacio
Inês@inesog
Cláudia Cruz @cldcrz
Beatriz Valério @beatrizvalerio
Patricia Santos@patriciasjs