A Fúria e Outros Contos
«Nos contos da Silvina Ocampo há uma particularidade que não consigo compreender, o seu estranho amor por uma certa crueldade inocente ou oblíqua; atribuo essa singularidade ao interesse, o interesse atónito que o mal inspira numa alma nobre.» Jorge Luis Borges
Tudo coabita no universo elegíaco de Silvina Ocampo. Vidas enredadas na ficção, traições ardentes e vinganças geladas, espelhos ou sonhos que reflectem fantasmas de carne e osso. O quotidiano mágico de bons agoiros e maus presságios ou a calma imperturbável que antecede a violência torrencial. Muita fantasia, muita crueldade. E sempre a infância, a fina fissura entre inocência e perversão. A Fúria e Outros Contos (1959), o seu livro mais ocampiano, reúne trinta e quatro brevíssimas histórias, entre as quais «As Fotografias» — aniversário repleto de júbilo e macabro —, «A Paciente e o Médico» — seres aprisionados à loucura, à enfermidade, à devoção e ao ódio — e «A Casa de Açúcar» — espectros de vidas passadas, o conto preferido de Julio Cortázar.