
The Dark Mirror Book One of the Bridei Chronicles
Reviews

É um dos géneros literários que mais gosto - a literatura do fantástico. E Juliet Marillier é um dos expoentes máximos deste género, sem dúvida. E ainda gosto mais quando a realidade se mistura com a lenda e a ficção. Nas palavras da autora, As Crónicas de Bridei são uma mescla de história, conjecturas e imaginação em que ficamos a conhecer a história de Bridei que governou os pictos a partir de 554 d.c. Aos quatro anos, Bridei despede-se dos seus pais e irmãos para ir com Broichan, para, aparentemente, e como qualquer criança nobre, aprender e conhecer outras culturas de modo a poderem melhorar o seu comportamento. Bridei estranha ser a única criança na casa de Broichan mas obedece cegamente ao seu pai adoptivo - mesmo quando, pouco tempo depois, alguém o tenta assassinar enquanto passeia na floresta. Aos poucos Bridei começa a revelar as suas capacidades excepcionais e que levaram a que a sua mãe o tivesse escolhido, de entre os filhos, para que fosse o escolhido para ser formado, como guerreiro, erudito e druida e, por fim, governar Fortriu, no dia em que Drust, o Touro, morresse. Apesar de viver com Broichan, os seus estudos e a sua evolução são acompanhados, de perto, por um conselho de anciões que pretende, com a sua futura eleição, unir um reino desavindo e com vários conflitos internos. Este conselho programa a vida de Bridei quase ao minuto, dos seus quatro anos até à data da eleição do governante, 15 anos mais tarde. Mas A Que Brilha tem os seus próprios desígnios e decide deixar, à porta do castelo onde Bridei vive, uma bebé filha dos Boa Gente. Para todos, excepto para Bridei, esta criança, por ser filha dos Boa Gente, só pode significar desgraça e miséria, e propõe-se assassinar a criança. Bridei, com alguns feitiços simples, consegue evitar que tal aconteça e acaba por convencer todos de que a bebé deve ficar com eles e aprender, tal como ele. Tuala, a bebé, e Bridei, acabam por crescer juntos e juntos, acabam por descobrir o amor mais puro, aquele que nasce de uma amizade que ultrapassa os mundos dos humanos e dos Boa Gente e que é abençoado pel'A Que Brilha - apesar da oposição de Broichan que tenta de tudo para que ambos se separam. As intrigas normais duma corte desavinda e o amor pelo poder de alguns acabam por pôr em risco a vida de Bridei e de Tuala. Será que eles próprios e o amor que sentem um pelo outro são suficientes para os salvar?

Juliet Marillier é um dos nomes possantes do Fantástico. Considerada a herdeira de Marion Zimmer Bradley, a neo-zelandesa conquistou milhares de fãs em todo o mundo com a aclamada e amada trilogia Sevenwaters. Conhecida pelas suas histórias, pelas suas protagonistas, a escritora desenhou mundos que fazem parte do imaginário de todos os que já tiveram o prazer de a ler e é considerada por muitos como insubstituível. Mas não só Sevenwaters apaixonou os seus leitores. As Crónicas de Bridei é considerada pelos fãs como o trabalho mais maduro desta escritora de renome, baseado em factos históricos e condimentado com a fantasia marilliana, apresenta-nos a história de um rei de um povo muitas vezes esquecido: os Pictos. Eu já li Sevenwaters há uns bons aninhos e nos últimos tempos havia-se cimentado uma grande vontade de ler mais obras desta autora, tendo escolhido esta trilogia devido aos factores que apresentei acima. Juntando isso aos elogios e às paixões que Juliet provoca nos seus fãs mais assíduos, decidi que estava realmente na altura de eu regressar a ela. Como podem imaginar, ler algo desta escritora é, absolutamente, maravilhoso. A sua forma de contar histórias qual bardo celta sentado a lareira, prendendo os seus ouvintes com as suas palavras tão emocionais, agarra todo aquele que lê os seus livros. E este livro tornou-se um vício em poucos minutos. Quase que não o larguei, tal foi a forma como este enredo me agarrou. Do início ao fim, foi uma promessa de histórias antigas contadas à antiga, com heróis, seres sobrenaturais, druidas e profecias. Cada página deixava um sentimento, fosse ele doce ou doloroso, conseguiu atingir-me de uma forma que só as boas histórias conseguem. É já conhecido o jeito da escritora de fazer as suas personagens sofrerem até ao último minuto, seguirem a sua demanda com todos os obstáculos inimagináveis e concedendo-nos o tão merecido “felizes para sempre”. Pois o destino de Bridei não desilude. De uma forma mais real e consistente, talvez devido ao facto de estarmos a falar de uma personagem histórica, Marillier leva-nos a conhecer as encruzilhadas de um jovem que está destinado a ser rei, em quem todos depositam a sua fé e que tem de escolher o caminho certo até ao seu propósito, tudo isto com uma história de amor digna desta escritora onde tudo vai parecer impossível até o par romântico aceitar o seu destino. Tal como me recordava, também nestas personagens existe uma profundidade para lá do que poderíamos imaginar, conseguindo a autora dar-nos heróis e vilões com defeitos e qualidades à sua altura. Cada um tem o seu papel na história, e neste constituinte das suas obras é raro haver mudanças radicais. Amámos os bons, odiamos os maus, exactamente como quando líamos contos de fadas em pequenos. Esta é a magia de Marillier, demonstrar que o esforço e a luta valem a pena, que o bem vai vencer o mal, e, no fim, fazer-nos acreditar nisso. Por isso, sim, deixei-me enredar neste livro, menos maravilhoso mas mais forte, mais consistente e que me deu razões para continuar a conhecer mais das suas obras. http://girlinchaiselongue.blogspot.co...






