Sinfonia em branco
Duas irmãs, filhas de um fazendeiro fluminense, são as figuras centrais deste romance, que desvenda o horror e a poesia da vida com rara sensibilidade. Adriana Lisboa narra, numa sequência não cronológica, a história destas irmãs. Clarice, a mais velha, sempre esteve fadada a se casar com o filho do dono da fazenda vizinha, enquanto Maria Inês, a mais nova, acaba por se tornar testemunha pueril e estarrecida de um abuso que dilaceraria a vida da irmã. O silêncio, o interdito, o segredo dão o tom a essa sinfonia. Afonso Olímpio, o pai, vaga como uma sombra enigmática e taciturna, enquanto a mulher, a impotente Otacília, vai se dando conta de sua infelicidade, e tenta resgatar as filhas da desgraça silenciosa, cada vez mais difícil de escapar. Com o tempo, tudo vai se encaminhando não exatamente para um desfecho ou uma 'cura', mas para possibilidades que se abrem. É com a maturidade que elas se dão conta de que é preciso superar o passado.
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luca@bonesandall