Medéia

Medéia Uma tragédia grega

Eurípides2001
A consagrada tradução do especialista em grego, Mário da Gama Kury Depois de vencer provas sobrehumanas com a ajuda dos poderes mágicos de Medéia, Jáson a toma como esposa e foge para Corinto. Lá eles vivem felizes por 10 anos e têm dois filhos. Até que Jáson se apaixona pela princesa de Corinto e rejeita Medéia. Determinada a se vingar, Medéia decide punir o marido matando seus próprios filhos e a princesa, condenando Jáson a envelhecer sem esposa e sem filhos. Uma das mais conhecidas peças de Eurípides, Medéia é considerada uma obra-prima do teatro trágico.
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Reviews

Photo of Nelson Zagalo
Nelson Zagalo@nzagalo
5 stars
Sep 3, 2022

Uma viagem de 2500 anos para encontrar um problema humano que continua igual a si mesmo, capaz ainda hoje das mesmas consequências trágicas. Antes de se iniciar o relato de Eurípides, Medeia terá traído o pai e morto o irmão para ajudar Jasão e os Argonautas, abandonando depois o seu país com Jasão, de quem viria a ter dois filhos. O relato começa com Medeia já na Grécia, um país estranho para ela, descobrindo que Jason decidiu abandoná-la para casar com a filha de Creonte, rei de Corinto. O que sucede depois só pode ser tragédia, mas porquê? [imagem] "Medeia e a Urna" (1873) de Anselm Feuerbach De tanto que se poderia destacar nesta pequena peça de Eurípedes opto por me focar nesta questão porque ao longo dos anos me tenho debruçado invariavelmente sobre ela, dada a intensa emocionalidade que tende a gerar, sendo grandemente responsável por muito daquilo que conhecemos hoje como violência doméstica. Aliás, não é por acaso que nos meus 30 livros preferidos tenho “Os Dias do Abandono” (2002) de Elena Ferrante, o livro que me veio de imediato à mente assim que comecei a “ouvir a voz” de Medeia. A meio da peça Jasão apresenta as suas razões para casar com a filha do rei, que como diz o Coro e Medeia, não passam de bem falar, sem substrato. Repare-se como é este o cerne: a razão para o abandono. Porque o casamento não é uma cerimónia, é um contrato, um contrato que requer uma razão para ser quebrado. O problema é que a razão precisa de satisfazer ambas as partes no mesmo momento, e isso só muito raramente acontece. Assim, quando não existe o encontro e a sincronia entre as partes para aceitar o fim, abandonamos o reino da razão e da lógica, e entramos pelo reino exclusivo da emoção adentro. Aí começam a surgir os grandes substantivos — traição, deslealdade, engano, impostura — que levam ao pior do humano: a vingança, a punição, a destruição. Publicado no VI em: https://virtual-illusion.blogspot.com...