Um olhar estrangeiro sobre a obra de Clarice Lispector
leitura e recepção da autora na França e no Canadá (Quebec).
Um olhar estrangeiro sobre a obra de Clarice Lispector leitura e recepção da autora na França e no Canadá (Quebec).
Em 1978, com a tradução de A Paixão Segundo G.H., Clarice Lispector é redescoberta na França pelo grupo de mulheres que atuam na Des femmes, uma editora ligada à causa feminista e feminina. Sua obra é discutida em seminários, traduzida e estudada por mestrandos e doutorandos. Clarice ganha força e presença fora do Brasil principalmente a partir do final da década de setenta. Não se pode estudar sua recepção fora do Brasil sem considerar o interesse dessas mulheres por sua obra. Como o primeiro contato que muitas delas tiveram com o texto de Clarice causou grande impacto, esse trabalho aborda inicialmente o arrebatamento e a identificação com a autora. Em seguida, comenta-se a visão que elas possuem da escritora no que se refere à espiritualidade e ao tratamento dado às artes plásticas em alguns de seus textos, sobretudo à pintura. Mais adiante, revelam-se as preocupações que elas tiveram em avaliar as traduções para a língua francesa, o que mostra um amadurecimento ao encarar a obra da autora brasileira. Enfim, procura-se discutir o papel que a literatura de Clarice Lispector teve entre o final dos anos 70 e o início dos 90 na França e no Quebec, época em que a participação das mulheres no mundo editorial cresce consideravelmente e em que se discute a possível existência de uma escrita feminina.