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Rudeza naturalista, é como classifico o estilo de Rijneveld, diga-se muito próximo do estilo criado pelo português HG Cancela. Temos a vida rural no final do século XX, no norte da Europa, e uma família de classe média que trabalha a terra em modo latifundiário, com espaço para quinta e muitos animais de que é preciso tratar diariamente. A perda de um familiar cria um buraco negro no meio da família, e é sobre as consequências desse buraco na educação das crianças mais novas que o livro nos fala. O romance é muito explícito, no sentido em que não se coíbe de pôr em palavras, e nas páginas em papel, ideias e construtos que todos nós reconhecemos mas tendemos a filtrar para não chocar quem nos rodeia. É assim que emerge o maior naturalismo desta obra, porque nos dá acesso ao mundo de quem conta a história como se estivéssemos dentro da sua cabeça, sem quaisquer filtros. Cria uma espécie de acesso direto à efetiva natureza do existir humano quando em crescimento, no processo de tomada de consciência do mundo em que vai crescendo.

