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Belíssimo trabalho de Afonso Cruz. Um livro que apesar de se enquadrar no âmbito da literatura juvenil, todos gostaríamos de ter lido quando por lá passámos, como não foi possível (o livro é de 2010), não deixa de criar o seu efeito, transportando-nos até essa, nossa, época, de certo modo rejuvenescendo-nos por dentro. Para a sua audiência é um livro especial, por ser capaz de trabalhar o impulso para a leitura, por via da curiosidade que o autor vai instigando no leitor, por via do desfolhar de várias obras, desde grandes aventuras a grandes clássicos. Cruz leva-nos numa aventura bem talhada e emoldurada, suportada pelas Ilhas do Tesouro e do Dr. Moreau, passando por autores como Dostoievski e Bradbury, ou ainda Calvino e Borges. A cada nova cena, um novo livro, sendo que Cruz não se limita a tratar o fundo do mesmo, mas antes a usar o mesmo para o expandir, expandido as memórias de quem os leu, e instigando a ler, quem não os leu. É um texto curto e simples, mas que nunca se simplifica em excesso por menosprezo das capacidades dos seus leitores. Aliás podemos dizer que a elaboração progride ao longo do livro, chegando mesmo a desenvolver alguns temas mais complexos, existenciais e identitários, que se entrosam e crescem a partir das discussões que os livros visitados vão estimulando.

Termino as leituras de 2016 com um autor que me deixou a pensar Para onde vão os guarda-chuvas e por quem me estou, gradualmente a encantar. Afonso Cruz traz, no regaço dos seus livros, uma escrita diferente - em bom! - obrigando-nos a querer ler cada vez mais e a chegar ao fim dos livros (ainda mais este que é lido num trago) com desejos de continuarmos embrenhados nas suas histórias. Este livro, pequeno em número de paginas, é grande na empatia que sentimos por Vivaldo, principalmente aqueles entre nós que tem o hábito de se perder nas páginas dum livro. Confesso que nunca pensei na hipótese de esconder os livros no meio do trabalho que faço mas seria menina para isso, não fosse dar-se o caso de gostar tanto do que faço profissionalmente. Este é um livro seguramente mais imaginativo, mais fantasioso, menos real que Para onde vão os guarda-chuvas mas, ao mesmo tempo, mantêm-nos igualmente presos do principio ao fim. Também nós queremos saber o que aconteceu a Vivaldo Bonfim. Também nós nos queremos perder nas páginas dum romance e também nós nos entristecemos com as personagens que também nos levam a sorrir. Os livros que devoraram o meu pai não está, para mim, ao nível do Para onde vão os guarda-chuvas. Mas a magia das letras de Afonso Cruz está lá e só por isso vale a pena ler.

With a strong concept and great writing, had everything to be a nice and cozy little book. And it was, up until a completely wtf ending partly ruined the experience. 6/10

4.0 | Não estava à espera do final e não sei se me sinto mais estupefacta ou destroçada com o mesmo. Também fui apanhada de surpresa pelo quanto gostei deste livro. Embora me tenha parecido um pouco tosco em alguns momentos (talvez propositado), a leitura é fluída e a história prendeu-me até aos últimos capítulos. Gostava que tivesse sido ligeiramente mais longo, teria continuado a ler a mesma fórmula da narrativa sem me aborrecer.









