A polícia da memória
Reviews

"Você sabia que, se cortarmos as antenas de um inseto com uma tesoura ele imediatamente fica quietinho? Torna-se hesitante, começa a andar em círculos, para de se alimentar. É a mesma coisa. No momento em que você perde a voz, perde também a capacidade de dar forma a si mesma." Durante minha leitura eu não sabia se estava gostando ou não do que lia. Eu estava naquela área cinzenta o tempo todo. Eu estava gostando pela forma lírica da história ser contada. Não tinha exatamente um plot. A vida nesse universo distópico só estava acontecendo e a gente estava assistindo através da personagem. E as vezes eu não estava gostando justamente por isso. Nada realmente acontecia. Porque estão sumindo com as memórias? Porque e como isso afeta alguns e não outros? Porque nada parecia que realmente tinha um peso? Depois de terminar creio que entendi por completo e posso concluir que eu gostei da história. O ritmo monótono num universo tão caótico é quase um (des)equilíbrio perfeito. O apego e medo de algo não palpável e incontrolável assusta. Não existiu nada tão genuíno quanto o relacionamento dos três personagens. A sua voz nunca realmente some. Enfim, foi um livro bem interessante (e não que venha ao caso mas gostei mais do que 1984). Gosto quando tudo acontece no nada.
