Iniciantes
Os contos que formam a coletânea Iniciantes foram publicados pela primeira vez em 1981, com enorme sucesso de público e crítica, sob o título What we talk about when we talk about love. O livrinho, de não de mais de 130 páginas, valeu a Raymond Carver o epíteto de escritor "minimalista", tão surpreendentemente enxutos, breves e silenciosos os textos pareciam. Mais tarde o público ficou sabendo que Gordon Lish, o editor de Carver na Knopf, havia cortado o texto dos contos em cerca de 50%. Agora, o vasto e fiel leitorado de Carver, nos Estados Unidos e no Brasil, simultaneamente, tem acesso aos dezessete contos integrais, do jeito que saíram da pena e do imenso talento de Carver. Apesar de falar de gente normal sem traços de genialidade, heroísmo ou arroubos românticos, o que mais impressiona na obra de Raymond Carver é o caráter descentrado de seus personagens, "caipiras de shopping center", como os chamou seu primeiro editor. São basicamente histórias de alcoolismo e de casamentos em ruínas, protagonizadas por figuras anônimas da classe trabalhadora envolvidas em sua luta inglória e quase sempre perdida por uma vida dentro dos inalcançáveis padrões do sonho americano. O estilo dos contos originais de Raymond Carver, desidratado de firulas retóricas, mas não de vozes humanas densas e palpáveis, adapta-se à perfeição a um neorrealismo americano que, em versão cinematográfica, resultou no excepcional Short cuts, de Robert Altman, de 1993, diretamente inspirado em vários dos textos incluídos neste Iniciantes. "As histórias de Raymond Carver se incluem entre as obras-primas da ficção americana." - New York Times "Intensidade, tom, ritmo, timing, clima, proporção, vocabulário, variedade, repetições - tudo na versão original do conto "Iniciantes" é perfeitamente medido e executado. Eis um conto que não demandava edição alguma. Ao invés disso, em sua primeira publicação, ele foi não só editado mas esquartejado por um editor. Agora que "Iniciantes" é publicado em sua versão original, os leitores terão oportunidade de perceber a riqueza emocional e a inteligência artística desse texto." - Philip Roth